
Relato de uma mãe que queria abortar
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8/6/20244 min read


“Mariana está com 4 meses, ela é muito fofa! Uma bebê tranquila, que veio pra preencher um vazio que nem sabia que existia. E me trouxe muitos aprendizados. Me redescubro com ela diariamente. Minha vida mudou completamente da noite pro dia. Hoje eu e o pai dela estamos juntos e vamos nos casar. E sempre que lembramos de tudo que aconteceu, dá um aperto no coração. Não tivemos maturidade naquele momento. Estávamos perdidos, mas hoje vemos que tudo se encaixou e aconteceu como tinha que acontecer. Muito obrigada por todo acolhimento que me deu nos piores dias da minha vida!”
Esse é um relato real (com o nome da criança modificado para preservar a identidade) de uma mulher que conhecemos durante a gestação. Na época, ela estava desesperada devido à gravidez e queria abortar. O depoimento dela reflete a realidade de muitas mulheres, que também teriam desistido do aborto se tivessem recebido apoio, encorajamento, suporte e alguém que lhes dissesse “você é capaz de fazer isso!”.
Quando concordamos que uma mulher aborte (seja em qual circunstância for), estamos lhe dizendo: “Você não é capaz! Você não consegue criar um filho e ter uma carreira. Você não consegue ser mãe e ser bem-sucedida.” Precisamos entender que quase sempre que uma mulher quer abortar, na verdade, ela está gritando por socorro, em seu desespero, por não ter apoio e suporte em suas necessidades financeiras, emocionais, físicas, etc.
Apesar de, a princípio, parecer a solução de um problema, na verdade, recorrer ao aborto gera nas mulheres problemas sobre os quais não costumam ser informadas por aqueles que incentivam o aborto. Mulheres submetidas a um aborto têm maior risco de perfuração do útero, hemorragia, infecções, infertilidade, gravidez ectópica, além de graves sequelas psicológicas. Mulheres que abortam estão mais propensas a ter comportamento autopunitivo, medo e pesadelos frequentes, depressão, transtorno de ansiedade, transtorno do estresse pós-traumático, síndrome do pânico, vício em álcool e drogas, comportamentos de risco, que levam a maior chance de morrer vítima de homicídio e, por fim, suicídio. Não é difícil chegar à conclusão de que não existe aborto seguro. É arriscado para a mulher e fatal para o bebê. Ao final de um aborto, sempre haverá, no mínimo, uma pessoa morta. Isso deveria ser o bastante para desmentir o “mito do aborto seguro”.
Segundo dados do Worldometers, somente no ano de 2023, estima-se que o número de bebês abortados foi de 44,6 milhões, sendo 7 vezes mais que o total de judeus assassinados durante a Segunda Guerra Mundial, em um dos fatos históricos mais tenebrosos que a humanidade já viveu, o Holocausto. Assim, não é exagero dizer que o maior genocídio da História tem sido causado pelo aborto.
A grande polêmica do aborto até pouco tempo atrás passava pela questão de “quando se inicia a vida”. Seria na concepção? Ou após o desenvolvimento do sistema nervoso? Ou quando há possibilidade de o feto sobreviver fora do útero materno? Infelizmente percebemos que essa questão não é mais tão importante hoje. Segundo a embriologia, ciência que estuda o início da vida, a fecundação é o marco do início da vida. Com apenas 1 mês de gestação, o coração do bebê já bate e bombeia sangue. Com 2 meses, o embrião tem feições nitidamente humanas e começa a ter movimentos intencionais. Aos 3 meses, os órgãos do bebê já estão formados e começam a funcionar, mas continuam a se desenvolver e amadurecer até o final da gravidez. A discussão atual sobre o aborto, entretanto, passa longe da questão de quando se inicia a vida. Ao vermos personalidades importantes no cenário político e jurídico do nosso país defenderem a ideia do aborto mesmo próximo aos 9 meses de gestação em alguns casos, temos a certeza de que ficou para trás o tempo em que o momento de início da vida era considerado na discussão.
No campo da medicina, chama a atenção a história do Dr. Bernard Nathanson, um médico ginecologista norte-americano, que foi um dos líderes do movimento pela legalização do aborto nos Estados Unidos na década de 60 do século passado. Durante sua vida profissional, o Dr. Nathanson fez muitos abortos, além de ter dirigido uma clínica especializada neste procedimento. A grande virada na carreira do médico foi o surgimento de uma tecnologia que começou a ser usada e difundida na época: a ultrassonografia. Com o uso deste exame, Dr. Nathanson pôde visualizar o feto dentro do útero, acompanhar seu desenvolvimento e também suas reações durante um procedimento de aborto. Desde então, ele assumiu publicamente e diante da comunidade médica a sua nova posição contrária ao aborto, reconhecendo que claramente há vida humana no feto. Em 1984, Dr. Nathanson publicou um documentário chamado “O Grito Silencioso” onde mostrou o procedimento de aborto e as reações de dor, sofrimento e tentativa de fuga do feto através de um aparelho de ultrassonografia. Este documentário, que está disponível no Youtube com tradução para o português, ficou bastante conhecido entre os ativistas pró-vida: https://www.youtube.com/watch?v=T-cND3VXy-E
A maternidade é, sem dúvidas, uma experiência transformadora. No entanto, muitas mulheres enfrentam situações de desespero e falta de apoio que as levam a considerar o aborto. O relato de inúmeras mulheres que já fizeram um aborto mostra que muitas delas se arrependeram e que isso costuma ser desastroso para uma mulher. Por outro lado, aquelas que escolheram a vida, mesmo em circunstâncias difíceis, geralmente dizem que o apoio que receberam foi fundamental. Isso nos lembra da importância de oferecer suporte, encorajamento e ajuda para encontrar alternativas e superar desafios.
É essencial que a sociedade se comprometa a proporcionar apoio real e significativo. Assim, garantimos que todas as mulheres possam tomar decisões informadas e que a vida, em todos os seus estágios de desenvolvimento, seja respeitada e valorizada. A mudança começa com a compreensão e o apoio – isso pode fazer toda a diferença na vida de muitas mulheres e de seus bebês.
Nota:
Este artigo é de autoria de Larissa Cersosimo, Médica Pediatra e Voluntária da Brazil4Life.
A publicação neste Portal foi autorizada pela autora e reflete a opinião da autora sobre o tema.